O que é Cuidados Paliativos?
De acordo com a OMS, "cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais".
São cuidados para pessoas com alto grau de sofrimento, seja potencial (diagnóstico de uma doença grave e tem uma jornada pela frente) ou real (quando o paciente está sofrendo), desde o diagnóstico ao luto.
Alguns conceitos importantes segundo paliativista Leonardo Consolim:
Peça ao médico o acompanhamento da equipe de cuidados paliativos;
Receber cuidados paliativos não quer dizer que está abandonado, o tratamento continua e talvez se cure;
A quimioterapia não vai tratar a angústia, choro, depressão;
O foco é o paciente e não a doença;
Se tratar só a doença, ou a gente ganha, ou a gente perde. Se tratar a pessoa, a gente sempre ganha.
Quem pode se beneficiar?
Qualquer pessoa que tenha o diagnóstico de alguma doença grave, evolutiva e com alto potencial de sofrimento.
Exemplos:
Câncer;
AIDS;
Alzheimer;
Parkinson;
ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica);
DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica);
Insuficiência Cardíaca.
Pacientes internados que estão fragilizados pela soma de várias doenças, que sozinhas não trariam risco, também podem entrar nessa lista.
Os casos de câncer são os que mais usam os cuidados paliativos. Grandes centros têm uma equipe de paliativos que acompanham os pacientes desde o início. Em outros hospitais, dois critérios são utilizados para acionar a equipe:
Pelo menos dois sintomas descompensados (ex.: insônia, dor, falta de ar, náusea);
Funcionalidade reduzida.
Equipe de cuidados paliativos:
A equipe de cuidados paliativos é composta por diversos profissionais que controlam os sintomas:
Do corpo (médicos e enfermeiros);
Da mente (psicólogos e psiquiatras);
Espirituais (padre, pastor, rabino, entre outros);
Sociais (assistentes sociais).
Princípios básicos dos cuidados paliativos:
Promover o alívio da dor e de outros sintomas;
Afirmar a vida e considerar a morte como um processo natural;
Não acelerar nem adiar a morte;
Oferecer suporte para que o paciente viva tão ativamente quanto possível;
Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso de vida;
Auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto;
Ser iniciado o quanto antes, junto de outras medidas para prolongar a vida;
Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente.
A morte nos cuidados paliativos:
A maioria dos médicos é treinada para curar. Mas diante de uma doença incurável, a equipe de cuidados paliativos realiza intervenções específicas para aliviar o sofrimento físico e permitir que a vida siga seu curso natural. E assim, a pessoa tenha uma "boa morte" (kalotanásia).
Kalotanásia: Conhecida como a "boa morte", consiste em um conjunto de ações para que o processo de morrer seja o mais suave e sereno possível. Promove a consciência da morte, controla sintomas desagradáveis, respeita o desejo dos pacientes e promove a sua autonomia até o fim.
A pessoa que está em processo de morte precisa decidir como deseja que sejam os seus cuidados e os tratamentos que quer (ou não) receber no momento da finitude. Para isso, há as diretrizes antecipadas de vontade (ou testamento vital).
Familiares durante o processo de luto:
Luto é o momento após uma perda. A equipe de cuidados paliativos trabalha com familiares e cuidadores para ajudá-los durante o processo de luto. Um voluntário treinado, um membro do clero ou conselheiro profissional pode dar o suporte por meio de visitas, telefonemas ou outro contato, bem como por meio de grupos de apoio. Caso necessário, a equipe de cuidados paliativos pode indicar aos familiares e amigos outro profissional. Muitas vezes os cuidados com o luto podem se estender por um ano após a morte do paciente.
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